domingo, 20 de julho de 2008

Sem papas na língua


Parece-me que Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados (OA), tem a coragem de dizer muita coisa que abala o sistema da Justiça em Portugal e incomoda muitos dos seus intervenientes. Entre as últimas farpas lançadas está a acusação de que a OA ganhará muito dinheiro à custa da formação de advogados. Afirmação que deixou as Distritais da Ordem em polvorosa. O bastonário comparou ainda alguns magistrados a agentes da PIDE. Se Marinho Pinto já tinha entre o seu rol de "poucos amigos" antigos bastonários como José Miguel Júdice ou Rogério Alves, conta-se agora também Noronha do Nascimento. Publicamente, e frente ao contestado líder da OA, o presidente do Conselho Superior da Magistratura disse haver uma "evidente falta de cultura, que se suporia existir em quem é investido ou eleito em determinados cargos". Noronha do Nascimento referia-se (in)directamente ao bastonário. Este não comentou mas o que é certo é que o mal-estar instalou-se na OA e resta saber se Marinho Pinto irá resistir à pressão.

Pudera!


Durão Barroso anunciou recentemente que admite recandidatar-se em 2009 à presidência da Comissão Europeia (CE). Quem o pode criticar? É tão só um dos homens mais influentes do mundo Ocidental. Porque não deve continuar nessa senda?... Decerto que por terras lusas o cherne não teria por onde levar as suas ambições a bom porto.
Já agora, fica o porquê da alcunha do nosso "homem duro". Durante a campanha eleitoral de 2002, a esposa de José Manuel Durão Barroso (como gosta de ser tratado desde que está na CE) dedicou-lhe publicamente este excerto de um poema de Alexandre O'Neill:

"Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria..."

Da boca para fora


Disse um destes dias Manuela Ferreira Leite durante um jantar do PSD: José Sócrates só sabe governar em situação de "prosperidade" e que, pelo contrário, numa conjuntura de crise, o Executivo PS mostra-se desorientado. Mas, pergunto eu, que prosperidade, senhora??? Económica, social, cultural? Para nosso infortúnio, Portugal há longos anos que não vive nenhum destes cenários prósperos, ou em qualquer outro que me possa ocorrer. Foi uma afirmação infeliz de Ferreira Leite, fruto quiçá de alguma indigestão que a líder da oposição estaria a sofrer depois do repasto...